Proposta é intensificar campanha de arrecadação através da conta de energia
A tranquilidade nas palavras esconde uma preocupação do padre
Francisco Fernandes, vice-reitor do Seminário de São Pedro, em Natal. Há
cerca de cinco anos, a instituição quase centenária, ligada à
Arquidiocese da capital potiguar, tem visto suas contas fecharem no
vermelho. Apenas o mês de agosto, em todo o ano passado, apresentou
entrada de recursos superior às despesas.
As despesas mensais giram em torno de R$ 70 e R$ 80 mil. Já as
entradas, oriundas de contribuição das paróquias, de doações dos fiéis,
campanhas e alguns aluguéis de imóveis são, em média, de R$ 60 mil. O
déficit vinha sendo suprido por um fundo da instituição. O problema, no
entanto, é que até esta alternativa já está próxima de acabar. Agosto de
2014 só teve maior entrada por causa da doação pontual de uma
instituição alemã.
A alternativa encontrada pela casa de formação dos futuros sacerdotes
da Igreja Católica foi intensificar a divulgação da campanha de
arrecadação de recursos através da conta de energia. Essa já é a maior
fonte de recursos do seminário. Atualmente são R$ 27 mil arrecadados de
16 mil contribuintes do Estado. “Nós queremos potencializar essa forma
de arrecadação, dar um impulso, para que a gente possa balancear as
contas”, explica o vice-reitor.
“Se eu estivesse falando da importância de manter essa casa para
fiéis, eu falaria da responsabilidade de cuidar bem do sacerdócio e
garantir a boa formação dos sacerdotes da igreja. Para a sociedade em
geral, eu digo que o seminário forma homens para uma vida religiosa, mas
também forma homens para uma formação social. Ele (o padre) é um homem
de referência para a sociedade, pode ser um aglutinador de forças para o
bem, um formador de opinião. É um investimento muito válido nesse
sentido”, argumenta o padre Francisco Fernandes.
Ele ainda conta que, atualmente, o seminário atende a 54
seminaristas, em diferentes fases de preparo. Desses, 44 dependem
totalmente do seminário, para suprir as necessidades mais básicas.
Muitos dos jovens que resolveram se preparar para uma vida de sacerdócio
vem de famílias humildes. O seminário se responsabiliza pelos custos
como alimentação, material de higiene, entre todas as outras
necessidades dos estudantes.
Além dos gastos com os suprimentos básicos, o seminário emprega nove
funcionários, que trabalham na cozinha, na administração, na zeladoria,
entre outras áreas. Nove padres também trabalham na formação dos
internos. Os gastos com salários e encargos sociais representam a maior
parte dos custos. O seminário ainda abriga três padres aposentados.
10 anos de preparo
A formação de um sacerdote da Igreja Católica dura, em média, uma
década. Durante este período, os internos são formados em áreas
humano-afetivas, intelectuais, espiritual e pastoral. Por oito anos os
seminaristas fazem duas faculdades. – primeiro a de filosofia e, por
fim, a de Teologia. A formação nas outras áreas ocorre simultaneamente.
O primeiro ano é o de curso propedêutico. O estudante ainda é
considerado candidato. “É um período de passagem para esse novo estio de
vida”, considerou o padre Francisco. O curso é usado para dirimir
desníveis na área intelectual, conhecimento geral e doutrinário. Depois
dessa fase, os candidatos fazem um vestibular para entrar no curso de
Filosofia.
Após os anos investidos nas faculdades, os seminaristas passam para o
últim ano de formação, no estágio pastoral, quando eles vão morar em
uma paróquia, acompanhando o trabalho de um padre.
Por fim, eles recebem a ordenação diaconal. Em seguida vem a ordenação presbiteral, que os torna padres.
Em 95 anos de história, o Seminário de São Pedro já formou cerca de
200 sacerdotes. O vice-reitor lembra muitos dos homens que passaram pelo
local não se ordenaram padres, mas hoje fazem grande diferença na
sociedade. “Temos juízes, reitores universitários, figuras de bem e de
extrema importância para a sociedade”, disse.
Entre os formados desde a inauguração do seminário, em1919, 11 foram
ordenados bispos e um cardeal (Eugênio Sales). Um ex-aluno, Conêgo Monte
está em processo de beatificação pela Igreja Católica. O ex-governador
do Rio Grande do Norte, Monsenhor Walfredo Gurgel, também foi formado no
local.
O seminário é o único de Natal ligado à Arquidiocese. Os outros
existentes, segundo explica o padre Francisco, são ligados a ordens
específicas. As instalações atuais, na avenida Campos Sales, no Tirol,
foram concluídas em 1933. O prédio conta com uma capela, que também é
aberta ao público nos fins aos sábados, ala administrativa, dormitórios,
cozinha, refeitório, etc. Durante sua história, o seminário ficou
fechado vários anos fechados. O imóvel chegou a ser alugado para o
Governo do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário