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sábado, 21 de março de 2015

Seminário de São Pedro busca doações para a manutenção de atividades

Proposta é intensificar campanha de arrecadação através da conta de energia

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A tranquilidade nas palavras esconde uma preocupação do padre Francisco Fernandes, vice-reitor do Seminário de São Pedro, em Natal. Há cerca de cinco anos, a instituição quase centenária, ligada à Arquidiocese da capital potiguar, tem visto suas contas fecharem no vermelho. Apenas o mês de agosto, em todo o ano passado, apresentou entrada de recursos superior às despesas.
As despesas mensais giram em torno de R$ 70 e R$ 80 mil. Já as entradas, oriundas de contribuição das paróquias, de doações dos fiéis, campanhas e alguns aluguéis de imóveis são, em média, de R$ 60 mil. O déficit vinha sendo suprido por um fundo da instituição. O problema, no entanto, é que até esta alternativa já está próxima de acabar. Agosto de 2014 só teve maior entrada por causa da doação pontual de uma instituição alemã.
A alternativa encontrada pela casa de formação dos futuros sacerdotes da Igreja Católica foi intensificar a divulgação da campanha de arrecadação de recursos através da conta de energia. Essa já é a maior fonte de recursos do seminário. Atualmente são R$ 27 mil arrecadados de 16 mil contribuintes do Estado.  “Nós queremos potencializar essa forma de arrecadação, dar um impulso, para que a gente possa balancear as contas”, explica o vice-reitor.
“Se eu estivesse falando da importância de manter essa casa para fiéis, eu falaria da responsabilidade de cuidar bem do sacerdócio e garantir a boa formação dos sacerdotes da igreja. Para a sociedade em geral, eu digo que o seminário forma homens para uma vida religiosa, mas também forma homens para uma formação social. Ele (o padre) é um homem de referência para a sociedade, pode ser um aglutinador de forças para o bem, um formador de opinião. É um investimento muito válido nesse sentido”, argumenta o padre Francisco Fernandes.
Ele ainda conta que, atualmente, o seminário atende a 54 seminaristas, em diferentes fases de preparo. Desses, 44 dependem totalmente do seminário, para suprir as necessidades mais básicas. Muitos dos jovens que resolveram se preparar para uma vida de sacerdócio vem de famílias humildes. O seminário se responsabiliza pelos custos como alimentação, material de higiene, entre todas as outras necessidades dos estudantes.
Além dos gastos com os suprimentos básicos, o seminário emprega nove funcionários, que trabalham na cozinha, na administração, na zeladoria, entre outras áreas. Nove padres também trabalham na formação dos internos. Os gastos com salários e encargos sociais representam a maior parte dos custos. O seminário ainda abriga três padres aposentados.
10 anos de preparo
A formação de um sacerdote da Igreja Católica dura, em média, uma década. Durante este período, os internos são formados em áreas humano-afetivas, intelectuais, espiritual e pastoral. Por oito anos os seminaristas fazem duas faculdades. – primeiro a de filosofia e, por fim, a de Teologia. A formação nas outras áreas ocorre simultaneamente.
O primeiro ano é o de curso propedêutico. O estudante ainda é considerado candidato. “É um período de passagem para esse novo estio de vida”, considerou o padre Francisco. O curso é usado para dirimir desníveis na área intelectual, conhecimento geral e doutrinário. Depois dessa fase, os candidatos fazem um vestibular para entrar no curso de Filosofia.
Após os anos investidos nas faculdades, os seminaristas passam para o últim ano de formação, no estágio pastoral, quando eles vão morar em uma paróquia, acompanhando o trabalho de um padre.
Por fim, eles recebem a ordenação diaconal. Em seguida vem a ordenação presbiteral, que os torna padres.
Em 95 anos de história, o Seminário de São Pedro já formou cerca de 200 sacerdotes. O vice-reitor lembra muitos dos homens que passaram pelo local não se ordenaram padres, mas hoje fazem grande diferença na sociedade. “Temos juízes, reitores universitários, figuras de bem e de extrema importância para a sociedade”, disse.
Entre os formados desde a inauguração do seminário, em1919, 11 foram ordenados bispos e um cardeal (Eugênio Sales). Um ex-aluno, Conêgo Monte está em processo de beatificação pela Igreja Católica. O ex-governador do Rio Grande do Norte, Monsenhor Walfredo Gurgel, também foi formado no local.
O seminário é o único de Natal ligado à Arquidiocese. Os outros existentes, segundo explica o padre Francisco, são ligados a ordens específicas. As instalações atuais, na avenida Campos Sales, no Tirol, foram concluídas em 1933. O prédio conta com uma capela, que também é aberta ao público nos fins aos sábados, ala administrativa, dormitórios, cozinha, refeitório, etc. Durante sua história, o seminário ficou fechado vários anos fechados. O imóvel chegou a ser alugado para o Governo do Estado.

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