No
Brasil, a carreira de professor está se tornando uma passagem, um
momento de transição para outras funções. O profissional fica no
magistério somente até conseguir um cargo mais bem remunerado e
provavelmente menos estressante.
Prova disso é que 25% dos docentes brasileiros têm
menos de 30 anos e apenas 12% estão com idade acima de 50, bem
diferente do que ocorre em outros países. Aqui, o professor ingressa no
magistério ainda jovem, mas em poucos anos, deixa de ver perspectivas.
A baixa remuneração é a gota d’água num contexto
desastroso, que combina elementos como superlotação das salas de aula,
aumento da indisciplina e do desrespeito pelos mestres, indiferença das
famílias e desprestígio social da profissão, falta de estrutura e de
recursos nas escolas e o próprio despreparo dos professores para lidar
com os desafios educativos de hoje.
Esse quadro tem como primeira consequência o
chamado “mal-estar docente”: cada vez mais professores adoecem com
problemas psicológicos associados a estresse, exaustão emocional,
depressão, cansaço crônico e frustração.
A categoria está entre as mais sensíveis à síndrome de burnout.
São profissionais que entram na educação movidos pelo desejo de mudança
social e lidam diariamente com o desalinhamento entre o sonho e a
impossibilidade de alcançá-lo, entre a impotência diante do sistema de
ensino e a cobrança da sociedade.
Por exemplo, no Distrito Federal, só no primeiro
semestre de 2014, foram emitidos 16,4 mil atestados médicos para
professores da rede pública – o que significa mais da metade dos 32 mil
concursados. Esses dados se repetem pelos estados e municípios
brasileiros.
A segunda consequência é a perda de talentos, uma
vez que muitos dos profissionais acabam aceitando propostas de trabalho
em outras áreas.
No Brasil, faltam 150 mil professores em
disciplinas como química, biologia, física e matemática. No total,
estima-se que haja carência de 300 a 400 mil professores nas salas de
aula. A solução para que os alunos não fiquem sem fazer nada é recorrer a
profissionais sem a devida formação. De acordo com o Censo Escolar
2013, o Brasil tem quase meio milhão de professores ativos sem diploma
de graduação, o que equivale a 21,9% do total de 2 milhões de docentes.
Esse cenário funciona como barreira de entrada
para novos talentos. Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas mostrou que
apenas 2% dos jovens brasileiros querem ser professores. É justamente o
oposto do que ocorre na Coreia do Sul, país que lidera os rankings da
educação, onde a profissão é tão disputada que fica restrita aos jovens
que mais se destacam nos estudos. É extremamente preocupante constatar
que muitos dos calouros brasileiros que optam pela carreira de professor
são aqueles que não teriam chance de cursar o ensino superior em outras
áreas.
fonte: G1
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