Por 61 votos contra 20 o Senado aprovou nesta quarta-feira,
31 de agosto, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ela foi
afastada definitivamente do cargo para o qual foi eleita em 2014, que
será indevida e ilegitimamente ocupado até 2018 pelo vice usurpador
Michel Temer. Consumou-se, deste modo, um golpe de Estado contra uma
mulher inocente em proveito de uma quadrilha de malfeitores envolvida
dos pés aos pescoços nas lamas da operação Lava Jato, que usaram contra o
PT e agora pretendem interromper.
O julgamento foi fatiado, dividido em duas votações a pedido da
oposição e por determinação do presidente da sessão e do STF, Ricardo
Lewandowski. A primeira decidiu pela perda do mandato. Em contrapartida,
a segunda votação, em que foi colocada em questão a perda ou não dos
direitos políticos, foi concluída com a vitória de Dilma. Seus algozes
não conseguiram a maioria necessária para condená-la (foram 42 votos a
36, com três abstenções).
O resultado, eloquente e emblemático da crise de consciência de um
grande número de senadores, é mais uma prova da inocência da presidenta,
que ao contrário dos golpistas e beneficiários da farsa encenada no
Congresso Nacional, não é alvo de nenhuma suspeita, denúncia ou
inquérito relacionado à corrupção. O voto de 54 milhões de brasileiros e
brasileiras foi anulado e substituído por uma eleição indireta feita
por um colégio eleitoral restrito em que a maioria é acusada por
envolvimento em processos de corrupção.
Pior que 1964
Livrar Temer e seus comparsas da cadeia é um dos objetivos do golpe
que em parte já foi alcançado. Uma vez efetivado como presidente, o
chefe da conspiração não pode ser alvo de investigação penal pelo menos
até o fim do mandato, a não ser por crimes que venha a cometer no
exercício da função. Agora o governo trabalha nos bastidores para livrar
a cara do deputado Eduardo Cunha e impedir que venha a se transformar
num perigoso e explosivo delator.
Mas isto não é tudo. O conteúdo principal do golpe é dado pelo
caráter profundamente reacionário do projeto governamental, que consegue
ser bem mais nocivo aos interesses da nação e seu povo do que o de
1964. “Foi um golpe de classe”, denunciou com muita propriedade o
senador Lindbergh Farias. Urdido, com forte apoio do empresariado e da
mídia burguesa, para satisfazer os interesses dos grandes capitalistas e
das potências imperialistas.
Seus alvos são a classe trabalhadora, que corre o risco de perder
direitos trabalhistas e previdenciários conquistados ao longo de uma
luta multissecular, a democracia, mais uma vez desprezada pelas classes
dominantes, e a soberania nacional. Os EUA já se apressaram a reconhecer
o governo golpista e não escondem a satisfação com as medidas
anunciadas e já em curso para saciar seu apetite imperialista: a mudança
radical da política externa, agora voltada contra a integração e
governos progressistas da América Latina, sob a liderança do golpista e
testa de ferro Zé Serra Chevron. Foram agraciados ainda com a entrega do
pré-sal ao capital estrangeiro, e o resgate da política de
privatizações e do pesadelo neoliberal recorrentemente derrotados nas
urnas.
A CTB reitera sua firme oposição ao governo ilegítimo emanado do
golpe e a disposição de lutar com todas as suas forças e na mais ampla
aliança democrática e popular contra a execução do projeto golpista, em
defesa do interesse maior da nação e dos sagrados direitos da classe
trabalhadora. Continuaremos resistindo, ocupando as ruas e gritando a
todo pulmão: FORA TEMER.
Adilson Araújo, presidente nacional da CTB
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