Pesquisadora da UFRN cria remédio que combate o câncer de próstata
Medicamento foi desenvolvido pela médica e farmacêutica Regina Esposito
Por Ingrid Dantas
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, ficando
atrás somente do câncer de pele. Segundo o Instituto Nacional de Câncer
(INCA), é o sexto tipo mais comum no mundo, representando cerca de 10%
do total de cânceres em homens. Neste sentido, a médica e farmacêutica,
Regina Carmen Esposito vem desenvolvendo um remédio homeopático que
possa contribuir para a diminuição dessa estatística.
A pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
utilizou um bioativo da folha do Melão de São Caetano para desenvolver o
remédio homeopático. Ao fazer os testes em laboratório, foi observado
que as células de câncer humano morriam ao entrar em contato com o
composto. Então, a farmacêutica e médica decidiu fazer testes clínicos.
Para a realização dos testes em humanos, Regina Esposito explica que
não havia possibilidade de fazê-los em pacientes portadores de câncer,
pois para melhor observação dos dados, ela haveria de administrar
placebo além do remédio desenvolvido, o que não seria indicado, uma vez
que os pacientes já possuem a doença. “Não seria ético”, avalia a
pesquisadora.
A solução encontrada foi a realização de testes em pacientes
portadores de Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP), uma vez que essa
doença causa o aumento da próstata de forma benigna. “A proposta do
trabalho é dar o medicamento, acompanhar pelo ultrassom e acompanhar a
Interleucina”, diz Esposito.
Estudos indicam que quando há aumento de Interleucina, citocina
pró-inflamatória que aumenta quando o organismo possui uma determinada
inflamação e quando há, por exemplo, aumento de colesterol, de
triglicerídeos ou da glicemia, há maior tendência de o indivíduo
desenvolver HBP.
Observando essa relação, a pesquisadora pode comparar os índices de
Interleucina nos pacientes antes e após administrar o medicamento. “Se
eu tenho um aumento de citocina em uma pessoa que tem Hiperplasia, ao
dar um remédio que estimula a citocina eu faço uma doença artificial
maior que essa natural, já esta com o IL6 (Interleucina 6) aumentada e
essa IL6 artificialmente aumentada faz com que o organismo direcione
toda sua defesa para essa artificial o que acaba curando a natural”,
explica Regina Esposito.
Para a pesquisadora, o grande desafio da pesquisa é encontrar
pacientes compatíveis com todos os critérios exigidos, pois os homens
ainda possuem dificuldade de procurar ajuda médica, em especial de um
urologista. Para participar do projeto, o paciente deve ser homem, ter
45 anos ou mais, ter queixas urinárias e possuir pontuação adequada após
aplicação de questionário específico.
Segundo Regina Esposito, que coordenou a ação Novembro Azul no
Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) em novembro de 2014, dos 431
pacientes atendidos no ambulatório, somente 44 foram aproveitados no
projeto. Cerca de 10% dos pacientes atendidos durante a campanha foram
encaminhados para biópsia, dos quais 2% foram diagnosticados com câncer.
“Muitos tiveram que fazer biópsia e eu tenho que deixar eles esperando
seis meses depois de fazer esse procedimento”, afirma.
Medicamento
Na medicina convencional, alopatia, os remédios e as doenças possuem
compostos diferentes. Então, se o paciente está com febre, administra-se
uma dose de anti-térmico; se está com dor, dá-se um analgésico contra a
dor e assim por diante. O tratamento visa principalmente a doença, os
testes de medicamentos são feitos em pacientes doentes ou em animais, as
substâncias agem por quantidade de massa – podendo ser medidas em
miligramas – e são dispensadas no limite da toxicidade – causando,
muitas vezes, efeitos colaterais.
Já o princípio que rege a homeopatia é o de que remédios e doenças
possuem compostos semelhantes. A técnica foi desenvolvida em 1779, pelo
médico alemão Samuel Hahnemann e possui quatro princípios básicos: lei
da semelhança, experimentação em homem são, doses mínimas e remédio
único. O atendimento homeopático é diferenciado, pois é feito
observando-se o paciente como um todo, tratando a causa da enfermidade
não a doença propriamente dita.
Os remédios são administrados em doses menores e não apresentam
toxicidade, pois passam por um processo de diluição onde retira-se toda a
substância material do medicamento, porém deixa-se uma informação no
medicamento que vai aumentar as defesas do organismo para combater a
doença.
O medicamento desenvolvido pela médica e farmacêutica, Regina
Esposito é homeopático, não tóxico e dinamizado. “Quando testei a
toxicidade, se mostrou, sem ser tóxico, dinamizado. Ou seja, a
dinamização manteve a ação”, observa. Um remédio ser dinamizado indica
que houve diluições, excluindo a matéria, mas conservando a ação do
medicamento. Segundo Esposito, seu medicamento é diluído “10 a -24, ou
seja, não tem matéria, não tem Número de Avogadro lá dentro”, explica.
Para produzir um remédio homeopático é diluída uma parte de remédio,
neste caso extrato da folha do Melão de São Caetano, em 99 partes de
álcool, chamado de veículo. Bate-se essa solução, sucussiona, 100 vezes
para obtenção de uma Centesimal Hahnemanniana (1CH). Depois, pega-se uma
parte desta solução e dilui-se em 99 partes de veículo, obtendo-se 2CH.
Para obtenção deste medicamento específico, Regina Esposito repete este
procedimento 12 vezes, obtendo 12CH. Até a 11CH a solução possui
matéria, a partir da 12, não. “Eu escolhi uma potência que ninguém pode
dizer que eu estou trabalhando com fitoterapia”, afirma a pesquisadora.
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