Campanha da Fraternidade busca atrair a juventude para as ações da Igreja Católica
Data: 15 fevereiro 2013 - Hora: 18:00 - Por: Roberto Campello
Em 50 anos de Campanha da Fraternidade, um dos maiores movimentos de evangelização da América Latina, este ano é a segunda vez que a juventude é escolhida como tema. A primeira vez foi em 1992, com o tema Fraternidade e Juventude. No ano em que a Jornada Mundial da Juventude será realizada no Brasil, no mês de junho, no Rio de Janeiro, a Campanha da Fraternidade volta a ter os jovens como foco principal das discussões com o tema “Eis-me aqui, envia-me!”. Na manhã de hoje, representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), concederam uma entrevista coletiva à imprensa, no Centro de Convenções, para fazer um balanço dos 50 anos de atuação da Campanha da Fraternidade e os desafios para os próximos anos.
A primeira Campanha foi realizada na Arquidiocese de Natal, no município de Nísia Floresta, na comunidade rural Timbó, no dia 8 de abril de 1962, por iniciativa do então Administrador Apostólico, Dom Eugênio de Araújo Sales. A Campanha tinha como o objetivo fazer uma coleta em favor das obras sociais e apostólicas desta arquidiocese. No ano seguinte, a Campanha se estendeu por todo o país.
A Campanha da Fraternidade de 2013 se propõe a olhar a realidade dos jovens, acolhendo-os com a riqueza de suas diversidades, propostas e potencialidades, entendê-las e auxiliá-los neste contexto de profundo impacto cultural e de relações midiáticas, além de fazer-se solidária em seus sofrimentos e angústias, especialmente junto aos que mais sofrem com os desafios.
Dom Leonardo Steiner, secretário geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explica que o objetivo geral da campanha é acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.
“Além disso, a campanha pretende propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida, bem como possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial e sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade”, destacou Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília. Dom Leonardo conta que a Campanha foi lançada na quarta-feira de Cinzas, em Brasília, mas “nada mais justo que viéssemos para cá, onde tudo começou, para manifestarmos a nossa palavra de gratidão”.
O bispo Leonardo Steiner conta que o segredo do sucesso da Campanha da Fraternidade é a preparação com antecedência que vem sendo feita nos últimos anos. “O que era uma experiência pequena, simples, mas bastante significante, tornou-se uma experiência para o Brasil inteiro e a cada ano aprimoramos a temática com abordagens sociais”, afirmou.
O presidente da Comissão Para a Juventude da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro, destacou que a renovação da Igreja Católica está intrinsecamente ligada à juventude. “Temos que perceber o jovem cada vez mais engajado no processo de renovação da igreja. É bom pensarmos o jovem como presente, no sentido de dom, mas também como presente, no sentido temporal, pois o jovem não é o futuro e, sim, o presente da sociedade. O tema deste ano foi bastante pertinente. Que os jovens percebam a coragem do profeta Isaias de dizer eis-me aqui, ou seja, pode contar comigo, envia-me para onde precisar”, afirmou.
Dentro do processo de renovação, Dom Eduardo Pinheiro disse que a Igreja precisa rever e ampliar os espaços formativos, com uma linguagem para os jovens, melhorada e renovada. “Precisamos rever a proposta formativa da Igreja”. Além disso, segundo o bispo, é necessário ampliar os espaços destinados a cultura e ao lazer da juventude. O bispo acredita que as redes sociais podem ser utilizadas cada vez mais, pelos jovens, para propagar o bem. “A mídia é a grande responsável pelas mudanças na sociedade e podemos utilizá-la para propagar o amor, a justiça, a solidariedade e os demais valores”, disse.
No entanto, o bispo Dom Leonardo Steiner vê com cautela o uso das redes sociais. “As redes sociais existem, são importantes, mas não podem substituir as relações interpessoais. Os jovens gostam de estar juntos e esse convívio é fundamental para o desenvolvimento do afeto e da comunhão. Nada substitui as relações entre as pessoas e ninguém mais sensível que os jovens para manter acesa essa relação”, afirmou o bispo.
Programação
A programação de lançamento nacional da Campanha da Fraternidade segue durante a tarde de hoje, com o 2º Seminário da Campanha da Fraternidade: Igreja, Fundamento de Fraternidade, no Centro de Convenções. A partir das 14h, o Padre Fábio de Melo ministrará uma palestra sobre o tema da Campanha da Fraternidade “Eis-me aqui, envia-me”. Em seguida, o padre realizará um show com sua banda no encerramento celebrativo da programação. Às 19h, será realizada a Concelebração de Abertura da Campanha da Fraternidade 2013, na Catedral Metropolitana de Natal. A partir das 20h, será dado início da Vigília e Adoração, na Catedral, com Eliana Ribeiro. Às 21h, será realizado um jantar solene de adesão e encerramento do lançamento da CF 2013.
Renúncia do Papa
O tema da renúncia do Papa Bento XVI também foi abordado pelos bispos da CNBB. Dom Leonardo Steiner considera a renúncia do Papa como um gesto profético de amor à Igreja. “Quando a pessoa não tem mais condição e disponibilidade de seguir mostra a sua grandeza ao renunciar. A renúncia mostra que o desejo do Santo Padre de que a igreja seja conduzida por alguém que tenha disponibilidade para realizar a renovação que a igreja precisa com critérios novos e valores novos”, afirmou.
O bispo não vê crise na renúncia do Papa. “O Papa já vinha dando sinais de que renunciaria, mas não conseguimos entender. Estamos passando por um momento grandioso para a Igreja. Os meios de comunicação deixaram de abordar o carnaval e voltaram à atenção para a igreja católica, que voltou ao centro das discussões”, destacou Dom Leonardo Steiner.
fonte: jornaldehoje
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