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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Casa do Estudante pede socorro

Um verdadeiro estado de calamidade pública. Urina dentro de garrafas plásticas, goteiras, telhas quebradas, salas com rachaduras e mofo. Um odor forte e mal cheiroso nos corredores mal leva a crer que é neste prédio que funciona a Casa de Estudante do Rio Grande do Norte, mais necessariamente o setor masculino. Atualmente, 210 estudantes ocupam a entidade. No período de férias, os alunos não contam com o almoço preparado pelos funcionários da casa e nem com a higienização do local, o que piora ainda mais a situação daqueles que tiveram que ficar no local durante o período de férias.


Logo na entrada é possível ver lixo acumulado e uma televisão quebrada por vândalos há anos. Com facilidade, a reportagem entra no recinto sem que ninguém questione o que faziam ali ou o que queriam. O cenário de abandono e descaso começa a ganhar forma com o discurso dos estudantes, principais usuários da Casa do Estudante.
Roberto Souza, nome fictício de um estudante de 19 anos que não quis se identificar, está na casa há seis meses. Caicoense, o jovem estuda da Escola Estadual Felipe Guerra e precisa se submeter a morar no local por não ter outro lugar para ficar. "É deprimente viver aqui. Tudo é tão sujo e precário. A alimentação, quando tem, é ruim. Sem contar que existem pessoas que moram na casa que não são mais estudantes e querem mandar em tudo", revela.

Depredação piora o quadro. Última reforma ocorreu em 2007
Os alimentos, o gás e o pagamento de luz e água do prédio estão sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas). Segundo o secretário adjunto da pasta, Walter Correia, a secretaria nunca deixou faltar recursos para manter a parte de sua incumbência. "A nossa parte está sendo feita. Porém, o prédio não é da responsabilidade do Governo Estadual. Cabe à administração cuidar da infraestrutura do prédio", disse o secretário.
Desabrigados usam a casa para lavar roupas, tomar banho e deixam o local ainda mais sujo. Os estudantes precisam aprender a compartilhar o espaço com não moradores e com qualquer pessoa que quiser entrar na casa. O quesito segurança é colocado em jogo constantemente, uma vez que o medo de assaltos e de roubos deixa os jovens que ali residem ainda mais inseguros.

O estado deplorável da casa é conseqüência do tempo e das ações de vandalismo cometidas pelos próprios estudantes que moram na casa. A última reforma em 2007, durante o governo Wilma de Faria, "não passou de uma maquiagem", segundo afirma outro estudante de 26 anos, que está na casa desde 2006, o qual também não quis se identificar. "Pouco tempo depois tudo volta a aparecer destruído: pias, lavabos, sanitários, chuveiros; tudo", revelou Francisco Lopes, nome fictício.
Segundo Francisco, a falta de consciência das pessoas que freqüentam a casa é a principal causadora da deterioração do prédio. "O pessoal não preserva, não cuida. Só estraga e quebra. Só pode dar nisso", disse o jovem. As aulas de reforço são dadas em um auditório detonado, com carteiras quebradas, diversas frestas no telhado e sem a prometida biblioteca e computadores. A iluminação do local não existe: "De noite, temos que andar apalpando as paredes ou com lanternas. As lâmpadas que tinham, os próprios estudantes retiraram para repor no quarto. É uma escuridão total", conta.

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