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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Hospital está lotado, com dívida e desabastecido

Enquanto aguarda verba extra do governo federal, o maior hospital do Estado, o Walfredo Gurgel, vive uma situação de caos. A superlotação registrada, nos últimos 45 dias, agravou a crise de desabastecimento, instalada por causa de uma dívida de R$ 380 mil junto aos fornecedores. Falta o mínimo necessário para que os pacientes sejam atendidos, desde materiais de uso hospitalar à medicamentos, como xilocaína e anestésico, há, pelo menos, três dias. 
A situação foi classificada como "uma grave violação aos direitos do paciente" e "um desrespeito à dignidade humana" por representantes do Conselho Regional de Medicina [Cremern], do Conselho Regional de Enfermagem [Coren] e da Comissão de Direito de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RN), que visitaram o hospital, ontem pela manhã. A vistoria durou cerca de duas horas e trouxe à tona números que, no mínimo,  preocupam.

Ontem, às 12h, o setor de enfermagem contabilizava 15 pacientes internados no Centro de Recuperação de Operados (CRO),  dos quais seis em macas. No Pronto-socorro, 96 pacientes estavam internados em corredores e outros 18 estavam 'entubados', ou seja, com ventilação mecânica, fora de Unidade de Terapia Intensiva por falta de leitos. Nos corredores do Politrauma e do CRO a condição é desumana, para pacientes e profissionais de saúde.

No CRO, por volta das 10h, a situação era crítica: apenas um enfermeiro e três técnicos davam assistência aos 15 pacientes - quatro deles alojados no corredor, que dá acesso ao centro cirúrgico. O déficit de pessoal é crônico na unidade. Segundo cálculos da coordenação do Setor de Enfermagem a unidade precisaria contratar mais 248 técnicos de enfermagem e 32 enfermeiros, para atender a demanda reprimida.

Depois da fiscalização, as entidades anunciaram que vão elaborar um relatório e, em reunião conjunta, discutir medidas a serem adotadas, inclusive no âmbito jurídico. "A situação piorou drasticamente nos últimos 60 dias. Eu vi colegas, técnicos e enfermeiros chorando, num estado de estresse muito grande, querendo fazer alguma coisa e não pode. A prática da enfermagem está totalmente prejudicada, desumana, e estamos prestando uma assistência indigna porque não tem pessoal suficiente, nem estrutura", resumiu a presidente do Coren, Alzirene Nunes de Carvalho. Ela considerou a situação de "calamidade pública" e disse que não aceita mais a desculpa de que falta recurso. "Tem que ter uma providência imediata porque pacientes estão aqui dentro correndo perigo de morte, quando não deveriam ir à óbito".

O risco está por todo o lado. A unidade tem pacientes esperando por UTI nos corredores; pacientes 'entubados' no CRO, no politrauma e nas observações clínicas 1 e 2. Hoje, o número de leitos de UTI do HWG é superior ao que preconiza a Organização Mundial de Saúde (de 8 a 10% dos leitos gerais). São 35 leitos de UTI e 280 leitos no total, que não atendem a demanda reprimida. 
Na sala do CRO, um paciente do pós-operatório, que deveria estar no isolamento, dividia o espaço da unidade com outros dez. "Nossa visita é para saber a realidade dos recursos que estão disponíveis para a Saúde., para que possamos tentar mudar esse quadro, que não é específico do Walfredo Gurgel", afirmou a presidente da Comissão de Saúde da OAB/RN, Elisângela Fernandes. 
É uma realidade que só vai se modificar quando se resolver a situação no Estado, da assistência primária". A falta de medicamentos - destacou - "é mais grave do que vê pacientes desassistidos porque não têm uma equipe que possa assisti-los e não tem medicamentos. Não que a internação em corredor não seja grave. É grave, mas a curto prazo não temos como resolver. Construir um hospital é mais complicado, mas podemos dar condições de trabalho a quem está aqui".

Deseja ler mais, acesse: http://tribunadonorte.com.br/noticia/hospital-esta-lotado-com-divida-e-desabastecido

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