Os escândalos de cada um, desde 1598 – João Felipe da Trindade, professor da UFRN, sócio do INRG e do IHGRN (jfhipotenusa@gmail.com)
Data: 11 setembro 2012 - Hora: 18:00 - Por: Portal JH
Nildo é um boneco cara de pau, cínico e debochado, de uma coligação que disputa a Prefeitura da Cidade do Natal, que cuida exclusivamente de falar de escândalos que envolvem candidatos de outra coligação. Esquece do que acontece ao redor dele. Tudo isso me fez lembrar escândalos que ocorreram desde que os portugueses resolveram tomar conta do nosso Rio Grande.
Já em 1598, a primeira obra desta cidade, a construção da Fortaleza da Barra do Rio Grande, gerou a primeira denúncia para Manoel Mascarenhas Homem, que teve que devolver a verba de 8:992$333 dos cofres dos defuntos e ausentes, pois não conseguiu demonstrar como empregou o dinheiro na dita obra, como conta Hélio Galvão no seu livro sobre a Fortaleza.
O Rei Filipe, em 1612, em carta ao Governador Gaspar de Sousa, informa que tomou conhecimento que Jerônimo de Albuquerque, que dirigiu a Fortaleza por um tempo, e depois foi capitão-mor do Rio Grande, exorbitou na quantidade de terras que concedeu aos seus dois filhos, e, por isso, determinou a redução pela metade dessas mesmas terras.
Na época dos holandeses, Joris Garstman, que chefiou por um tempo a Fortaleza do Rio Grande, foi acusado de mandar assassinar Jacob Rabi, vingando a morte do sogro, segundo uns, ou por ter se interessado pelos tesouros que o facínora tomou de suas vítimas, segundo outros.
Bernardo Vieira de Mello, que foi capitão-mor de nosso Rio Grande e Manoel Álvares de Moraes Navarro, que chefiou o Terço dos Paulistas na Guerra dos Bárbaros receberam acusações recíprocas um do outro.
Francisco Xavier de Miranda Henriques, que também foi capitão-mor desta capitania do Rio Grande, foi suspenso por quatro 4 meses, e chamado a Pernambuco para ser repreendido da parte do Rei, tudo por uma conta menos verdadeira, que o Provedor da Fazenda, que era daquela capitania deu contra ele.
Alberto Maranhão, que governou o Rio Grande do Norte, foi duramente acusado pelo capitão José da Penha, entre outras coisas: que o ano passado contraiu na Europa um empréstimo de cinco mil contos ao tipo de 69. Os juros foram os mais exorbitantes do mundo. As gorjetas para os intermediários foram elevadíssimas e o prazo de cinquenta anos. Em suma: o Estado venturoso do Rio Grande do Norte recebeu três mil e tantos contos de réis, vai pagar fatalmente perto de dez mil e sobrecarregou o seu orçamento, que era de mil e duzentos contos, com os pesadíssimos ônus desse empréstimo tão malbaratado. Alberto reemprestou-o quase todo aos seus queridos parentes e com eles então contratou uns tantos melhoramentos duvidosos para o Natal dos Pobres, relativamente, alguns desses felizardos ofereceram como garantia, o seu parentesco rendoso e a indiferença do povo por esses arranjos ilícitos. Não contente de tamanhas desenvolturas, Alberto comprou a si próprio e aos seus cunhados, por cem vezes mais do que devia, terrenos tão valorizados que até nunca tiveram dono. É impossível ser mais imprudente de que esse governador traficante.
Aqui, mais recentemente, sofreram denúncias, principalmente, em campanhas eleitorais, alguns até sem serem julgados ou indiciados, além dos citados pelo boneco Nildo, os seguintes, entre muitos: José Agripino, pelo famoso rabo de palha; Garibaldi, pela venda da Cosern, por pagamento de pessoal com recursos da dita da venda, por conta do escândalo da merenda escolar (pobre Rosário!), e pelo programa de erradicação das casas de taipa; Elias Fernandes pelos escândalos no DNOCS; João Maia por conta de escândalos no DNIT; Geraldo Melo, por ter colocado recursos do SUS na Conta Única; Aldo Tinoco por conta do FNDE; Fernando Bezerra por conta da Metasa; Fernando Freire pela operação gafanhoto; Gilson Moura pela operação Pecado Capital; Heráclito Noé, em plena campanha eleitoral, por concessão de favores; e mais João Faustino, Edson Faustino, Cortez Pereira, Ney Lopes, Múcio Sá, Enildo Alves, Laire Rosado e diversos vereadores, em outros episódios.
Henrique Alves sempre que se candidata para cargo executivo é fruto de muitas denúncias. A eleição para Câmara Maior não vai ser fácil.
Mais de um cento de prefeitos do Rio Grande do Norte e presidentes de Câmara, dos mais diversos partidos, foram condenados a devolver dinheiro aos cofres públicos. Estão devolvendo?
As eleições, em si, são exemplos de atos impróprios de compras de votos. Pessoas totalmente desconhecidas dos eleitores se elegem com uma facilidade enorme, sem que a justiça eleitoral perceba as suas tramoias.
Quando se observa os primeiros números das pesquisas para vereadores, se percebe, facilmente, que nada tem mudado nesta taba. Os eleitores tapuias continuam trocando apoios por bugigangas. A justiça, cega, está engolindo elefantes e se engasgando com pequenas moscas. Fundações e outras organizações de fundo de quintal continuam fazendo como reféns os carentes dos serviços públicos necessários. Líderes comunitários e alguns candidatos ao luxuoso cargo de vereador são cabos eleitorais de outros vereadores. Até Jesus é usado como moeda de troca por religiosos de araque. O Homem se voltasse à terra iria usar o chicote mais vezes, pois encontraria aqui mais vendilhões do templo, sepulcros caiados e novas raça de víboras.
Muitos são fichas limpas porque não tiveram suas vidas políticas devidamente devassadas, ou usaram de suas práticas para comprar silêncios. Outros, porque não experimentaram a areia movediça do serviço público.
A campanha eleitoral é um exemplo de falta de educação, aqui e no mundo todo. Nela não há santos.
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