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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A verdade deve ser dita


A chance perdida

Data: 08 janeiro 2013 - Hora: 18:00 - Por: Vicente Serejo
No conjunto, a governadora Rosalba Ciarlini completou dois anos. Mas, foi nos seis meses de vigência do decreto de calamidade pública na saúde a sua maior chance perdida para reconquistar a confiança da opinião pública e retomar um diálogo saudável junto à sua própria categoria que chega aos oito meses de um movimento grevista em estado de conflito e abandono. Agravado por um censo que pretende punir os profissionais da saúde, num esgotamento desastroso do ponto de vista político.
Na saúde, a rigor, o governo erra desde o primeiro dia. A médica Rosalba Ciarlini, no período de sua campanha como candidata, já sabia da gravidade que o então governador Iberê Ferreira tentou amenizar ao criar às pressas o hospital Ruy Pereira. Sabia tanto, por ser médica e visitado algumas vezes o Walfredo Gurgel que soube usar o quadro de desgaste, aprofundando a ineficiência adversária. Ao assumir, estranhamente, passou a subestimar a gravidade que denunciara de forma contundente.
Pior: passou a remendar esse tempo todo com retalhos paliativos um quadro gravíssimo a ponto de decretar, de próprio punho, o estado de calamidade. Cuidou de tudo do ponto de vista do marketing: fez da assinatura do decreto um espetáculo propagandístico e articulou uma bem urdida manifestação de apoio das principais entidades responsáveis pela defesa da cidadania, como o Ministério Público e a OAB, confinando em seu próprio gabinete uma força de qualidade que deveria ficar ao lado sociedade.
Seis meses depois, soçobram no convés do navio governamental o próprio governo e todas as entidades que emprestaram nome e tradição, mesmo sob o protesto inútil desta coluna, contra quem se ergueu uma intolerância amadora e emocional dos que, flagrados no erro primário, alegavam como jurisprudência o mesmo erro cometido pelos outros signatários de um governismo inconseqüente. A hoje decepção coletiva poderia acontecer, mas não precisaria ser com um grave silêncio de omissão.
Dispensado pelo estado de calamidade das formalidades legais para adquirir os medicamentos e equipamentos, e remunerar contratos emergenciais, afinal o objetivo era prestar assistência de saúde, a opinião pública assistiu faltar tudo. Enquanto o governo mergulhava na campanha política de Mossoró, sua fortaleza eleitoral, e lá despejava milhões para a reforma do estádio de futebol, teatro e construção da estrada para o balneário de Tibau, num escancarado aparelhamento eleitoreiro de um Estado doente.
Agora, quando não há mais como tapar o sol da opinião pública com a peneira das desculpas, o governo anuncia o fim do estado de calamidade diante de uma calamidade pior. Perdulário, consumiu dois anos sem cumprir seu dever. Médica, a governadora sabe que tem hoje uma saúde em estado de absoluta convulsão e descontrole. E dos mais experientes aos mais novos urgentistas, todos estão sob o efeito de uma nova caça às bruxas, ardilosa e inútil. Com o mal vencendo o bem. E sendo festejado.

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