O governo cedeu nesta quarta-feira (21) e vai negociar mudanças no fator
previdenciário com as centrais sindicais. Embora continue dizendo que o fim
total do fator é pauta impossível, é o primeiro indicativo de retomada das
conversas.
O fim do fator é uma das principais pautas das centrais sindicais e foi um
dos pretextos para uma série de mobilizações pelo país no mês passado, a reboque
das manifestações. O índice reduz o benefício de quem se aposenta com menos
idade e sua extinção significaria prejuízo nas contas públicas.
"Não há da parte do governo nenhuma intenção no fim puro e simples do fator
previdenciário. Isso causaria um impacto que não teria sustentabilidade.
Portanto, acho que a disposição da mesa de negociação é de encontrar uma fórmula
que permita implementar gradualmente, implementar de forma sustentável", disse a
ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) se reuniu
nesta quarta-feira com representantes de entidades sindicais para discutir o
tema. O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas,
atribuiu o resultado da conversa à pressão das últimas manifestações.
"Qual vai ser o desfecho da negociação, não sabemos. Mas estávamos num
problema gravíssimo, porque o fim do fator é uma das nossas principais
reivindicações e não estávamos conseguindo que isso viesse para a pauta de
negociação. Hoje se abriu uma negociação sobre o fator e com uma mesa específica
para desencadear negociação em 60 dias", disse.
O fator previdenciário é regulado pela soma entre o tempo de contribuição e a
idade para a aposentadoria. Um dos pontos principais de negociação deverá ser o
que trata do fator 85/95 (mulher/homem). O fim do fator foi negociado ainda
durante o governo Lula, mas acabou vetado em 2010 pelo ex-presidente e nunca
mais debatido diretamente com o Palácio do Planalto.
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