Estudo que põe o país em 18ª posição entre os maiores poluidores com geração de energia, com apenas 1,2% do total emitido no mundo em 2009, será usado para ressaltar esforço brasileiro na redução de emissões
Usina Hidrelétrica de Itaipu
Anfitrião da Rio+20,
o Brasil tem um cartão de visitas para apresentar aos demais países na
conferência que vai debater os rumos de um desenvolvimento sustentável.
Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostra que o país é
um dos que menos emite gás carbônico no mundo com a geração de energia.
O relatório aponta que as emissões de gases de efeito estufa pelo país
na produção e uso de energia correspondeu a 1,2% do total emitido no
mundo em 2009, sendo o 18º maior emissor no ranking dos países mais
poluentes nessa área.
A geração de energia nos Estados Unidos correspondeu a 18% do
total. A fatia da China foi de 24%. O mundo emitiu 30 bilhões de
toneladas de CO2 no período.
Segundo o estudo, com base em dados da Agência Internacional de
Energia (IEA, na sigla em inglês), para cada dólar do Produto Interno
Bruto do país, foi emitido em 2011 0,152 quilo de CO2. O número do país
é menor do que seu próprio índice de 2005, quando o nível de emissão
por dólar havia ficado em 0,161 quilo de CO2 por dólar (KgCO2/US$).
O valor atual corresponde a quase metade da emissão média mundial e
dos EUA, de 0,33 KgCO2/US$, e dos 0,22 KgCO2/US$ da União Europeia.
Entre os Brics, o Brasil fica atrás do 0,41 KgCO2/US$ da China e do
0,73 KgCO2/US$ da Rússia -o maior emissor entre os Brics.
"Isso mostra a eficiência ambiental da economia, na ótica das
emissões de energia", disse o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim.
Os principais motivos para níveis mais baixos de emissões, segundo
ele, são o reduzido consumo médio per capita, o alto uso da energia
renovável -em especial a hidrelétrica- e o uso de etanol na frota de
veículos leves. Isso distingue o país em relação aos que têm o carvão
mineral com principal matriz energética.
O desafio para o Brasil, considera, será o de manter baixo o nível
de emissões nos próximos anos. "É crescer mantendo o indicador baixo".
No caso das emissões per capita, a EPE apurou que o Brasil emite 1,8
tonelada de CO2 por habitante, cerca de nove vezes menos do que os EUA
(16,9 toneladas), quase quatro vezes menos que a União Europeia, e
quase três vezes menos que a China (5,1 toneladas).
Etanol - O documento da EPE aponta que, no ano
passado, o Brasil teve em fontes renováveis quase um terço da matriz
energética para veículos leves, percentual que pode chegar a 54 por
cento em 2020, movimento patrocinado sobretudo pelo uso do etanol.
A expectativa é que em 2020, o etanol represente mais da metade do
consumo de combustíveis pelos automóveis do país e que a produção salte
de 25 bilhões de litros (este ano) para 63 bilhões de litros (sendo 51
bilhões de litros como álcool hidratado, que é vendido nas bombas, e o
restante como anidro, para adição à gasolina).
Tolmasquim ressaltou ainda que geração de energia pelas
hidrelétricas ajudou o país a emitir 64 gramas de CO2 para cada
quilowatt-hora (kWh) produzido, ante média mundial de 500 g/KWh.
Recentemente, a EPE divulgou dados preliminares do Balanço
Energético Nacional 2012 (BEN), mostrando que a energia gerada por
fontes renováveis representou 88,8 por cento da matriz elétrica
brasileira.
Considerando a capacidade instalada, a participação de renováveis
na matriz elétrica hoje é de 83 por cento, percentual perseguido pelo
governo, mas com a projeção de redução da fatia hídrica e elevação da
presença do trio PCH-biomassa-eólica.
Mantendo essa proporção, a ideia é evitar a emissão de 500 milhões
de toneladas de CO2, montante superior ao total emitido no ano passado
na produção e uso de energia.
"Em dez anos, as renováveis vão evitar o equivalente a 17 vezes o
que o setor elétrico emite hoje", afirmou o presidente da EPE.
(Com Reuters)
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